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O avôzinho de Talhadas

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Só conheci dois avós: a minha avó materna, que viveu sempre connosco, a quem eu chamava «Vó», e o meu avô paterno, a quem me referia como «Avôzinho» e que via poucas vezes por ano, pois era uma época em que, para chegar a Talhadas (perto de Sever do Vouga), partindo Bombarral, se demoravam horas e horas... Hoje, Talhadas parece bem mais perto, mas eu mudei-me para este belo Algarve, terra de gran de parte dos meus antepassados maternos (vi a pai da mãe ), e Talhadas voltou a ficar longe... Como amanhã faz 137 anos que  Manuel Dias Nogueira,  o meu avôzinho, nasceu (30 de abril de 1881. Curiosidade: batizado a 10 de maio do mesmo ano, a sua madrinha foi a Nossa Senhora do Rosário), fica aqui esta memória.  Por falha minha, que não fotografei o verso e não tenho a fotografia comigo, suponho que esta deve ter sido tirada em 1969 ou 70. Estamos os 4 irmãos, a minha avó, a minha mãe (não interessava se íamos apenas ver os pinhais do avô, mas o colarzinho de pérolas ninguém lho tirava) c

Chegou um telegrama!

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No baú não há só fotografias. Também anda por aqui muita papelada com história!  O que aqui trago já nos remete para um mundo como o de hoje: mais rápido e a exigir de nós respostas com uma velocidade semelhante à das máquinas (sim, porque cartas, já só quase recebemos as muito, muito oficiais - como as do IMI, que não se esqueceu de mim esta semana -, porque até as contas da água e da luz já che gam por correio eletrónico). Mas, desde a invenção do telégrafo, começámos a usufruir das vantagens de receber informação quase em cima do acontecimento. Do avanço que o telefone trouxe, nem falo! A primeira rede de telégrafos foi inaugurada, em Portugal, em 1956, e, no Brasil, em 1957. Passados 77 anos dessa data (e há 94 anos), já devia ser um meio comum e frequente de as famílias que vivessem longe umas das outras comunicarem as boas e más notícias. Este é um telegrama de aniversário que os meus bisavós enviaram, do Brasil, para a minha mãe (sua neta), pelo seu 1º aniversário, em 1924

Eu sou galã!

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A 10 de novembro de 1896, em Belém do Pará, escrevia o meu tio-avô António de Mendonça Freire sobre aquele que viria a ser o meu avô materno: 12 estrofes, intercaladas por um refrão, brincado com algumas das suas... «qualidades encantatórias»  :D   Deixo aqui uma fotografia do meu avô, com 27 anos, acompanhada de uma outra, onde se pode ler a 1ª estrofe e o refrão. Eles divertiam-se muito!  :) Para quem não conseguir ler, transcre vo o que está na foto (com grafia da época e uns erritos...): «Eu sou galã!... (Ao distincto cançonetista Jacintho M.ça Freire) Vinte e três annos conto já, E seja dito sem favor Rapas tão galante não há, E mais sabido em amôr! E tantas provas eu dei já, Em Algés, e em Cacilhas, Fui o terror dos papás E o ai-Jezus! das filhas! Galã de fina roda eu sou, eu sou! E sempre na moda estou, estou! De genio galhofeiro eu sou assim Por isso as pequenas gostam de mim!... (...)» (Avô Jacinto: 1871-1933) [Publicado no FB, a 27 de a

Poema a Stella

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Um poema-declaração de amor do meu avô à minha avó (escreveu na página de um livro que lhe ofereceu). Casaram em setembro desse ano.  :)   <3 Para quem não consegue ler o poema, aqui vai, mantendo a grafia e pontuação originais (há ali uma vírgula que me incomoda...) .  Curiosidade: está escrito a lápis... ( Se ela não casasse com ele, podia sempre apagar! Eheheh): Stella Cruzei um dia o meu olhar com os olhos d’ella, Toda a minha’ alma, seguio esse longo olhar, Olhos tão doces, tão ternos o d’essa donzela,! Olhos tão meigos que nasceram só para amar! Conservo nos meus olhos sua imagem querida. Teve o condão essa encantadora creança, À minha vida apagada dar nova vida, Ao meu coração sem esperança, dar nova esperança! Se ella me ama, eu não creio, sou tão descrente! Depois… tão nova… eu mais velho… que hei de pensar?... Se o coração treme cheio d’amor o mais vehemente, Que importa a idade? Enquanto ha

Ai hoje é dia das avós?

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Ai hoje é o dia das avós?  Esta é a minha avó Stela, a minha preferida!  A bem dizer, foi a única que conheci... Aqui, tinha cerca de 13 anos. Contou-nos que aquela meia franja foi o resultado de uma tentativa de cortar o cabelo sozinha... Era brasileira, filha de pai português, e foi uma mulher fantástica! Ela e a minha mão continuam a ser o meu modelo.  Tomara eu chegar-lhes aos calcanhares! <3   :) (Baía, 1902 - Bombarral, 1985) [Publicado no FB a 26 de julho de 2017]

Pessoa que lhe deseja falar...

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Nunca me canso de dizer que sou uma grande fã da Hemeroteca Digital Brasileira, porque se pode, aí (ao contrário da maior parte dos sítios deste género), fazer busca por palavras, que ficam iluminadas neste verdinho. :) Deixo aqui duas ocorrências do nome do meu avô: alguém, em 1913, estaria mesmo precisado(a) de falar com ele, para pôr estes anúncios em datas seguidas. :D O meu sonho seria alguém aparecer e dizer: "Eu sei quem morava aí nessa época!", e eu poder preencher tantos espaços vazios na vida do meu avô! :) Como os outros anúncios também são interessantes, deixo-vos as fotos inteiras. :) # notinhaetimológica : "hemera", em grego, significa "dia". Hoje, "Bom dia", naquela língua, diz-se "kalimera" (o adjetivo "kalós, kalê, kalón", que significa "bonito", entra em palavras portuguesas como "caligrafia" - escrita bonita). Tal como a biblioteca é o lugar onde se guardam livros ("th

A menina que se portava muito mal

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Praia da Gralha, S. Martinho do Porto. Fim de setembro de 1931. Na foto, vê-se os meus avós (Stela e Jacinto), o meu tio João e a minha mãe (Stela), quase com 8 anos, a brincar na praia (ou, quem sabe, a recusar-se ir embora...).  :)   Dizia-me que, em criança, era muito rabina.  Um dia, contava ela, foi a Lisboa com a minha avó, de comboio, visitar umas primas mais velhas (as chamadas primas Sampaio , do Castelo, porque viviam naquela zona de Lisboa).  No regresso, a minha avó advertiu-a (como sempre fazia quando saíam) para que se portasse bem. Mas um senhor mais velho achou-lhe graça e meteu conversa.  «Então, gostas de andar na escola?»  «Gosto» - respondeu, «mas tem lá um menino que se porta muito mal.»  «Ai sim? Muito mal?»  «Sim. Olhe, ele porta-se tão mal, tão mal, que ainda é pior do que eu!»  :) De menina destemida passou a mãe coragem. :) Hoje estaria de parabéns, pois faria 71 anos que tinha sido mãe pela 1ª vez.  (Publicado no Facebook a 5 de outubro de 20